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Comida no Prato: quando campo e cidade se unem pela luta contra a fome e por direitos

O festival nasce da prática cotidiana do coletivo Marmitas da Terra, que ao longo de cinco anos já distribuiu mais de 185 mil refeições e colheu mais de 60 toneladas de alimentos agroecológicos em suas hortas comunitárias. (Foto: Leonardo Henrique)

Curitiba recebe no próximo dia 6 de setembro o 1º Festival Comida no Prato, que marca os cinco anos do coletivo Marmitas da Terra. O evento acontece na Praça João Cândido, das 9h às 21h, e reúne atrações culturais, feira de economia solidária, espaço de saúde, atividades para crianças e, claro, muita comida feita com solidariedade e afeto. Mais do que uma celebração, o festival é um ato político e social que busca fortalecer o debate sobre alimentação saudável, agroecologia, moradia digna e os direitos da classe trabalhadora.

O festival terá uma programação variada, com shows de artistas como Garibaldis e Sacis, Janine Mathias, Wes Ventura, Sindicatis, Cia Mirabólica, Raissa Fayet, Rubia Divino e DJ Mitai. As crianças terão um espaço especial, a ciranda, com atividades lúdicas, oficinas de grafite indígena, teatro e brincadeiras. Já o espaço saúde contará com dicas de cuidados e relaxamento.

Foto: Leonardo Henrique.

A comida, claro, é protagonista: o almoço terá feijoada tradicional e vegana, além de caldinho e outras delícias, disponíveis para compra antecipada. Haverá ainda bolo comemorativo, feira da economia solidária, exposição fotográfica e a partilha de histórias dos cinco anos do Marmitas da Terra.

O público esperado é diverso: o Festival Comida no Prato pretende atrair pessoas interessadas em temas como alimentação saudável, agroecologia e em alternativas para uma vida menos ligada ao consumo e à produção inconsciente de resíduos. Além disso, o evento também espera reunir as comunidades que já participam ativamente dos projetos do coletivo, como as do Uberaba, Portelinha e Vila União, que integram iniciativas de educação popular e hortas comunitárias.

Iniciativa inédita

Segundo Marina Lis Wassmansdorf, secretária-geral do evento, esta é uma iniciativa inédita na cidade e é fundamental para a população questionar seus direitos.

É importante do ponto de vista da política nacional, já que – ainda que sob um governo de esquerda – estamos vivendo um momento de recrudescimento de vários direitos da classe trabalhadora. Então esperamos que esse evento faça com que as pessoas possam retomar questionamentos sobre o que é central para um projeto de sociedade brasileira

disse Marina.

O festival nasce da prática cotidiana do coletivo Marmitas da Terra, que ao longo de cinco anos já distribuiu mais de 185 mil refeições e colheu mais de 60 toneladas de alimentos agroecológicos em suas hortas comunitárias. A proposta do evento é fazer com que a sociedade compreenda que alimentação é um direito coletivo e não uma escolha individual.

Esperamos gerar um debate na sociedade. De que a saúde começa pela boca, começa também com iniciativas de moradia digna, de trabalho dignos… Por exemplo, não há como discutir saúde hoje sem antes debater o que está indo para a mesa do trabalhador e trabalhadora brasileiros. Se o ultraprocessado de molho de tomate está mais barato que o tomate, o que a pessoa que alimenta uma família vai comprar?

questiona.

Nós acreditamos que essas escolhas não são individuais, que a responsabilidade sobre o que as crianças em idade escolar estão comendo não é só das famílias; mas do poder público como um todo

acrescenta Marina.

Campo e cidade: uma mesma luta

Ao longo da trajetória do Marmitas da Terra, ficou claro que as lutas por moradia, alimentação saudável e dignidade não estão separadas: o que começa no campo, com a agricultura familiar e a agroecologia, encontra eco nas necessidades da cidade.

As lutas do campo e da cidade não estão separadas, são um mesmo contíguo de aliança da classe trabalhadora. Se o MST, nos anos 1980, 1990, 2000 ocupava as terras para lutar por moradia e uma agricultura realmente sustentável no campo – hoje estamos debatendo e lutando por moradia e alimentação saudável para as comunidades urbanas. É o mesmo debate, mas temos um novo eixo de luta 

disse.

Para Marina, é fundamental que a sociedade recupere a consciência sobre a origem dos alimentos e valorize o trabalho do agricultor familiar nos processos de produção.

Talvez, para nós, seja importante que a sociedade entenda que o capital nos roubou não só nossa mais-valia, nosso tempo de dedicação ao trabalho, mas também a nossa assimilação do que produzimos como sociedade – já não sabemos mais a origem e os processos produtivos envolvidos naquilo que consumimos – como o leite, o óleo vegetal, entre outros 

disse.

Não temos a noção de que muita coisa começa lá com o agricultor familiar, plantando, semeando, observando e acompanhando o clima… e que, nas cidades, é importante voltarmos a discutir esses processos todos, que envolvem um trabalho mesmo

complementou Marina.

Cinco anos de luta e solidariedade

O coletivo nasceu em 2020, durante a pandemia, como parte da campanha de solidariedade do MST. Desde então, se consolidou como uma referência em Curitiba e região metropolitana na defesa da alimentação saudável, agroecológica e do combate à fome.

Hoje, o Marmitas da Terra mantém duas hortas comunitárias solidárias – no Assentamento Contestado, na Lapa, e na Vila 29 de Janeiro, em Curitiba – além de atuar em sete cozinhas comunitárias e projetos de educação popular em diversas comunidades. Em 2024, passou a integrar o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), reforçando sua incidência política em defesa de políticas públicas alimentares.

Organização

O Festival Comida no Prato é organizado pela Associação Marmitas da Terra, MST, Mãos Solidárias e Patuscada, em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo, a vereadora Giorgia Prates – Mandata Preta, e com o apoio da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura de Curitiba.

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