O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou em conversas reservadas que não disputará a Presidência da República em 2026, citando como principal motivo a profunda fragmentação da direita política. Ele disse que concentrará esforços na reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, evitando o desgaste e a dependência de alianças com a família Bolsonaro — especialmente após conflitos públicos com o deputado Eduardo Bolsonaro.
A movimentação ocorre em um momento de reconfiguração no campo conservador. Enquanto Eduardo não deve ceder sobre a própria candidatura, o PL admite que ainda não definiu oficialmente seu nome para 2026. Com a saída de Tarcísio do páreo, ganham força setores supostamente menos extremistas, sob a batuta de velhos articuladores do centrão.
Michel Temer e Gilberto Kassab encabeçam articulações na direita
Enquanto Gilberto Kassab (PSD) busca a bênção do empresariado e do mercado financeiro, Michel Temer articula nos bastidores para vender uma imagem moderada do MDB. Ele aposta que o partido pode servir como ponte entre o centro e a direita moderada, explorando o vácuo deixado pela fragmentação bolsonarista.
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O ex-vice decorativo, ao contrário de Kassab, não dispõe hoje de uma ampla gama de possibilidades já “engatilhadas”. Talvez seja nisso que os progressistas devam ficar atentos, já que a união entre os dois caciques não seria inédita: Kassab conspirou ao lado de Temer e, meses depois, serviu como ministro no governo golpista que destituiu Dilma Rousseff. Ainda mais relevante é o fato de que suas atuações são complementares e poderiam agregar, em uma eventual coalizão, a força necessária para eleições majoritárias e o trânsito fácil nas articulações congressuais e inter-poderes.
É válido lembrar que, antes de ser “Xandão”, o ministro do STF era visto como advogado de passado obscuro, indicado ao Supremo por um golpista. Querendo ou não, a conjuntura atual é intimamente conectada às habilidades de Temer, frequentemente associado à figura de um “primeiro-ministro da articulação”.
Esses poderes combinados já mostraram força contra os interesses do trabalhador em outras ocasiões, e agora podem dar forma a um bloco ainda mais resiliente. A base seria blindada, sustentada pelos alicerces do centrão, capaz de oferecer estabilidade política e articulação no Congresso. De um nome escolhido por essa união, espera-se que herde boa parte do bolsonarismo: não só os votos e o apoio do grande empresariado, mas também o embate permanente com movimentos sociais, sindicatos e organizações populares — os mesmos que, historicamente, acabam pagando a conta quando essa direita, que se diz mais moderada, assume o comando.
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