A defesa de Jair Bolsonaro (PL-RJ) tem divulgado com frequência que o ex-presidente possui uma saúde debilitada, e sofreria de problemas como soluços e vômitos diários. A estratégia dos advogados de Bolsonaro é clara: criar um clima de comoção entre a opinião pública para que, quando tiver confirmada definitivamente sua condenação por liderar a trama golpista, ele permaneça em prisão domiciliar e não vá para um presídio.
Chama a atenção que, apesar de alegar ter uma saúde frágil, o ex-presidente já recebeu dezenas de visitas desde agosto, quando o Supremo Tribunal Federal determinou sua prisão domiciliar por descumprir medidas cautelares. Ao invés de um local de repouso e recuperação, a prisão domiciliar de Bolsonaro mais parece um hotel de alta rotatividade.
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Somente na primeira semana após a decretação da prisão, o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, autorizou visitas de 26 pessoas a Bolsonaro. Já nas primeiras 24 horas, ele recebeu, por exemplo, o senador Ciro Nogueira (PP-PI).
Churrasco
Ainda em agosto, quem esteve com o político foi o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS). O parlamentar gaúcho chegou a divulgar que faria um churrasco para Bolsonaro. A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, reagiu desmentindo Zucco.
Até o final de setembro, ou nos dois primeiros meses, o STF recebeu 75 pedidos de visitas da defesa do ex-presidente. Só uma, do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), foi negada. O motivo é que Gayer é investigado em um caso conexo aos que o ex-presidente está envolvido. Nesta semana, Moraes negou pela segunda vez a autorização para o parlamentar visitar Bolsonaro pela mesma razão.
Na mesma decisão, o ministro autorizou a visita dos deputados do PL Altineu Côrtes (RJ) e Alberto Fraga (DF), do ex-piloto de Fórmula 1, Nelson Piquet, e do jornalista Alexandre Pittoli. Eles estão autorizados a comparecer à casa de Bolsonaro em dias sucessivos, entre 3 e 6 de novembro.
Romaria
Não há números precisos sobre quantas pessoas foram recebidas por Bolsonaro no período, mas um levantamento parcial com base em informações do STF e da imprensa mostra que a lista é grande.
Ela inclui, por exemplo, o governador de SP, Tarcísio de Freitas; a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; os senadores Espiridião Amin (PP-SC), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Marinho (PL-RN), Damares Alves (PL-DF) e Magno Malta (PL-ES); os deputados Caroline de Toni (PL-SC), Osmar Terra (PL-RS), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Winder Moraes (PL-GO), Domingos Sávio (PL-MG), Delegado Caveira (PL-PA) e Ubiratan Sanderson (PL-RS); o vice-prefeito de São Paulo, coronel Ricardo Mello Araújo (PL); o ex-ministro da Minas e Energia, Adolfo Sachsida; e o vice-presidente do PL de Rondônia, Bruno Scheid.
Em setembro, Bolsonaro também recebeu o relator do projeto de anistia aos golpistas, deputado Rodrigo Valadares (União-SE). No mesmo mês, ele foi autorizado a receber em um único dia, dezesseis pessoas que fariam parte de um “grupo de oração” organizado pela ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Em outubro, também estiveram com o ex-presidente o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jorge Antônio de Oliveira; o deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça Neto (União); e o fundador da igreja Sara Nossa Terra, Bispo Rodovalho.
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