Imagens gravadas na última semana, no Colégio Cívico-Militar Vinicius de Moraes, em Colombo (PR), região metropolitana de Curitiba, mostram crianças sendo expostas a armamento pesado durante um evento que contou com a presença de autoridades estaduais.
No vídeo, estudantes se aglomeram em torno de uma mesa no ginásio da escola onde estão dispostos pelo menos cinco fuzis, uma pistola e outros equipamentos do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Paraná.
As crianças aparecem usando celulares para fotografar as armas, sem a presença visível de profissionais da educação, apenas sob observação de um policial militar. O evento teve a participação do secretário estadual de Segurança Pública, Hudson Teixeira, e da chefe do Núcleo Regional de Educação da Área Metropolitana Norte, Sílvia Vieira Dias, além de políticos locais.
A exposição ocorre menos de uma semana após a divulgação de um vídeo do Colégio Cívico-Militar João Turin, em Curitiba, onde alunos cantavam uma música com versos que faziam apologia à violência contra populações periféricas: “Homem de preto, qual é sua missão? Entrar na favela e deixar corpo no chão”.
Nas redes sociais oficiais, a atividade em Colombo foi descrita como uma “apresentação do efetivo do BOPE com os cães, demonstração de equipamentos e homenagem aos militares”, sem explicação pedagógica sobre a exibição de armas a estudantes.
As escolas cívico-militares foram implantadas no Paraná em 2021 pelo governador Ratinho Jr. (PSD), mesmo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter extinguido o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) em 2023. Atualmente, o estado possui 312 colégios militarizados.
O programa contrata policiais militares aposentados como “monitores militares”, que recebem R$ 5,5 mil mensais – valor superior ao piso salarial dos professores (R$ 4,9 mil) e dos funcionários de escola com formação pedagógica (R$ 4 mil), apesar de não possuírem formação específica em educação.
Especialistas em pedagogia e direitos da criança criticam fortemente a exposição de armas em ambiente escolar, classificando-a como naturalização da violência e doutrinação precoce. Até o fechamento deste texto, a Secretaria de Educação do Paraná não se manifestou sobre o episódio.
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