Um estudo do Ministério da Fazenda, com apoio técnico do EU Tax Observatory, escancara a desigualdade do sistema tributário brasileiro. O 1% mais rico, com renda anual acima de R$ 5,5 milhões, concentra 27,4% da renda do país e paga só 20,6% de imposto efetivo. Já a classe média, responsável por cerca de 35% da renda nacional, arca com 42,5%, mais que o dobro da elite econômica.
O contraste é brutal: enquanto milionários da OCDE pagam entre 22% e 42% de imposto, no Brasil os mais pobres comprometem quase metade da renda (48,8%) com tributos indiretos sobre consumo — contra 26,3% nas faixas mais altas. Esse modelo mantém o Brasil entre os dez países mais desiguais do mundo, com índice de Gini acima de 0,53.
- “Super-ricos” ficam com 27% da renda nacional, mas pagam menos impostos
- Isenção do Imposto de Renda trava disputa entre governo, Centrão e oposição na Câmara
- CÂMARA – Oposição ameaça derrubar taxação de super-ricos na reforma do Imposto de Renda
Diante desse cenário, o governo tenta avançar na reforma do Imposto de Renda: isenção para salários até R$ 5 mil, cobrança mínima de 10% sobre grandes fortunas e taxação de 10% sobre lucros e dividendos enviados ao exterior. Mas enfrenta forte resistência de setores empresariais, parte do Congresso e governadores, que pressionam para manter privilégios históricos.
O estudo foi feito com bases administrativas brasileiras e conduzido por pesquisadores nacionais. A cooperação com o EU Tax Observatory serviu apenas para ampliar a precisão dos dados e o comparativo internacional, mas o retrato é essencialmente da realidade tributária do Brasil.
Bookmark