A China praticamente interrompeu as importações de soja dos Estados Unidos, abrindo espaço para que o Brasil assumisse a liderança no fornecimento do grão ao mercado chinês. A conclusão é de um levantamento da American Farm Bureau Federation, influente entidade do agronegócio norte-americano, fundada em 1919 e que representa atualmente 6 milhões de agricultores.
De acordo com a federação, em 2024 a China adquiriu 26,5 milhões de toneladas de soja americana — o equivalente a metade de suas importações totais do produto. Em 2025, porém, o volume despencou para apenas 5,8 milhões de toneladas.
O relatório aponta que os mercados de soja refletem o momento de tensão no comércio agrícola dos EUA. “Durante junho, julho e agosto, os EUA praticamente não enviaram soja para a China, e o país não fez nenhuma compra da nova safra norte-americana para o próximo ano comercial”, registrou a entidade.
Mesmo com preços competitivos dos produtores americanos, a China tem diversificado suas fontes de abastecimento, aumentando as compras principalmente do Brasil e da Argentina.
Enquanto as vendas americanas minguam, o Brasil consolidou-se como principal fornecedor da China. De janeiro a setembro de 2025, o país vendeu mais de 77 milhões de toneladas de soja aos chineses. De acordo com os produtores dos EUA, esse movimento “mostra como a América do Sul assumiu o domínio do mercado e deslocou os agricultores americanos”.
A associação ressalta que o volume total importado pela China não caiu — pelo contrário, segue em níveis recordes. “A maior parte dessa demanda agora está sendo atendida por concorrentes dos produtores americanos”, afirmou.
O relatório também destaca os reflexos da mudança comercial nos preços internacionais. “A ampla oferta global e a demanda mais fraca pelas exportações americanas pressionam os preços do milho, da soja e do trigo nos EUA, reduzindo a receita dos agricultores, mesmo com boas colheitas”, explicou.
A situação é agravada pelos baixos níveis de água no Rio Mississippi, que elevam os custos de transporte interno e dificultam o escoamento da produção..
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