A Justiça francesa condenou nesta segunda-feira (1º) o prefeito de Saint-Étienne, Gaël Perdriau, a cinco anos de prisão, quatro deles em regime fechado, e à perda dos direitos políticos pelo mesmo período. A decisão encerra quase uma década de um escândalo que abalou a política local: a acusação de que o prefeito usou um vídeo íntimo para controlar e constranger seu então vice, Gilles Artigues.
Segundo a investigação, Perdriau teria articulado, ainda em 2014, uma emboscada para registrar secretamente Artigues em um encontro sexual com um garoto de programa, em um hotel de Paris. O material teria sido usado como forma de pressão ao longo dos anos, especialmente por Artigues ser conhecido por posições conservadoras e oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A gravação, mantida em sigilo até 2016, serviu de instrumento para limitar a autonomia política do vice, que relatou ter vivido sob permanente intimidação.
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O caso ficou conhecido como “affaire da sextape” e ganhou novos contornos quando surgiram indícios de que recursos públicos foram utilizados para financiar a operação. O Ministério Público aponta que aproximadamente 40 mil euros, desviados do orçamento municipal por meio de associações, teriam sido repassados aos responsáveis pela armadilha. Três outros envolvidos também foram condenados a penas de até quatro anos.
Perdriau nega ter ordenado ou assistido ao vídeo, mas gravações feitas por Artigues mostram o prefeito mencionando a possibilidade de divulgar o conteúdo, reforçando a tese de chantagem. Expulso do partido Republicanos após a revelação do escândalo em 2022, ele permaneceu no cargo até a condenação e anunciou que vai recorrer.
Saint-Étienne, cidade de porte médio próxima a Lyon, acompanha agora a transição administrativa enquanto a Justiça define os próximos passos do processo. Para Artigues, a sentença representa o fim de um período que ele descreve como devastador para sua vida pessoal e carreira pública.
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