Um intenso debate sobre o conflito em Gaza no podcast “3 Irmãos”, na última segunda-feira (29), gerou forte repercussão nas redes sociais após o jornalista Breno Altman, fundador do site Opera Mundi, confrontar as alegações falsas do rabino Gilberto Ventura, defensor da política genocida israelense na Faixa de Gaza. Altman, que também é de origem judaica, classificou as ações de Israel como a “página mais vergonhosa da história do povo judeu”, em uma discussão que evidenciou o profundo cisma dentro da própria comunidade judaica sobre o conflito.
Durante a discussão, o rabino Gilberto Ventura defendeu a conduta de Israel em Gaza, argumentando que o país estaria agindo com restrição. “Entraram por terra. Se eles [Estado de Israel] tivessem realmente objetivo de genocídio, pode ter certeza que Israel tem o poder militar para apertar alguns botõezinhos e acabar com a população de Gaza rapidamente”, afirmou Ventura. Ele continuou: “Mas justamente o envio desses jovens, tão queridos, que amam a vida, é para expor o menor número de vidas de habitantes de Gaza e libertar as pessoas que a gente tem até hoje no subterrâneo”, referindo-se aos reféns israelenses mantidos pelo Hamas.
Breno Altman rebateu de forma contundente, fundamentando sua argumentação em decisões de instâncias internacionais. Ele destacou que a qualificação de genocídio não parte de sua opinião pessoal, mas de organismos jurídicos globais. “Até dois ex-primeiros-ministros de Israel reconhecem que o governo de Netanyahu está cometendo crime de lesa-humanidade”, afirmou, citando Ehud Olmert.
O jornalista apresentou dados concretos para contrapor a narrativa de uma operação militar cirúrgica: “Segundo a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), de um total de 66 mil mortos oficialmente por Israel, apenas 17 mil teriam vínculos com o Hamas”. Altman enfatizou o custo humano, particularmente entre civis: “Há um enorme número de crianças mortas, rabino. O mundo inteiro está impactado”.
Em um dos momentos mais dramáticos do debate, Altman fez uma analogia histórica profundamente impactante, comparando as táticas israelenses às dos campos de extermínio nazistas: “Palestinos foram sendo metralhados, da mesma forma que nazistas faziam com judeus, quando nos convidavam a tomar banho nas duchas dos campos de concentração e, ao invés de água, o que nós tínhamos era o gás Zyklon B. É um crime horrendo”.
Sionismo como a “parte criminosa do judaísmo”
Ao final, Altman desconstruiu a defesa de Ventura, que se baseava em “fatos”. “O nome disso não são fatos, o nome disso é genocídio, rabino. Um genocídio brutal, condenado no mundo inteiro”, declarou. Ele então dirigiu um conselho ao interlocutor: “O senhor, com os valores tão nobres que carrega no coração, precisa abrir os olhos”.
Sua conclusão foi um posicionamento claro sobre a distinção entre identidade religiosa e projeto político: “Infelizmente, o sionismo faz parte do judaísmo, embora o sionismo não seja, para nossa sorte, o próprio judaísmo. O sionismo é a parte criminosa do judaísmo. É a página perversa, a mais escura da nossa história”.
O embate, que rapidamente viralizou, ilustra como a extrema-direita desaba diante de fatos e dados, mas nunca dá o braço a torcer.
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