Clara Charf, referência histórica na luta pela democracia e pelos direitos das mulheres, morreu na madrugada desta segunda-feira (3), aos 100 anos, em São Paulo (SP). A informação foi confirmada pela Associação Mulheres pela Paz, organização fundada e presidida por ela. Clara estava internada e faleceu por causas naturais.
Nascida em Maceió, em 1925, filha de imigrantes judeus russos, ela começou cedo sua militância política. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) aos 21 anos, onde conheceu o guerrilheiro Carlos Marighella, com quem viveu por quase duas décadas. Durante a ditadura militar, integrou a Ação Libertadora Nacional (ALN) e viveu na clandestinidade até o assassinato de Marighella, em 1969.
Exilada em Cuba por dez anos, retornou ao Brasil em 1979 com a Lei da Anistia e se uniu ao Partido dos Trabalhadores (PT). Anos depois, criou a Associação Mulheres pela Paz, voltada à defesa dos direitos humanos e à promoção da igualdade de gênero, projeto que chegou a indicar 52 brasileiras ao Prêmio Nobel da Paz em 2005.
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Colegas e admiradores destacaram o legado da ativista. O ministro Paulo Teixeira afirmou que Clara foi “uma das maiores militantes de esquerda do Brasil”, enquanto o deputado Ivan Valente a definiu como “gentil e corajosa”. Para o jornalista Mário Magalhães, autor da biografia de Marighella, ela foi “uma das mulheres mais fascinantes e destemidas que o país conheceu”.
O velório ocorre nesta segunda-feira, das 18h às 21h, no Cemitério São Paulo, em Pinheiros. O corpo será cremado na Vila Alpina.
BookmarkClara foi do tamanho dos seus 100 anos
disse a amiga e parceira de militância, Vera Vieira.
