O Brasil apresentou, em 2024, o maior recuo nas emissões de gases de efeito estufa em mais de uma década e meia. Segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, houve uma diminuição de 16,7% em comparação com o ano anterior. No total, o país lançou 2,145 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente na atmosfera, o menor índice desde 2009.
A principal razão para o resultado foi a forte redução do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, que despencou 32%, puxando para baixo o total de poluentes do país. Ainda assim, o Brasil permanece distante de cumprir a meta firmada no Acordo de Paris, que prevê emissões líquidas de até 1,32 GtCO₂e até o fim de 2025. O país fechou 2024 com 1,49 GtCO₂e.
Quem mais polui
Mesmo com a melhora, o setor agropecuário continua sendo o maior emissor, responsável por 51% das emissões líquidas, principalmente por causa do metano liberado pelo rebanho bovino. A mudança no uso da terra responde por 42%, seguida por energia (20%), resíduos (5%) e processos industriais (4%).
Fogo ainda preocupa
Embora o desmate tenha caído, as queimadas se tornaram o novo vilão. Em 2024, o fogo liberou 241 milhões de toneladas de CO₂, quase o mesmo impacto do desmatamento. A estiagem severa e o avanço de queimadas planejadas mostram que a floresta enfrenta agora uma destruição mais silenciosa e difícil de conter.
Desafio até a COP30
Com a Conferência do Clima marcada para novembro, em Belém (COP30), especialistas alertam que o país precisa reduzir emissões em todos os setores, não só conter o desmatamento. Segundo David Tsai, pesquisador do SEEG, o país ainda concentra seus esforços climáticos quase exclusivamente no controle do desmatamento. Para ele, essa dependência é insustentável:
BookmarkNão dá para deixar toda a responsabilidade nas florestas; outros setores também precisam fazer sua parte
explica David.
