Em um gesto de repúdio coordenado, diplomatas brasileiros e de outros países deixaram o plenário da Assembleia Geral da ONU momentos antes do discurso do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta quinta-feira (26). O ato foi justificado por autoridades brasileiras como uma resposta ao descumprimento sistemático, por parte de Israel, de decisões do Tribunal Penal Internacional (TPI) e da Corte Internacional de Justiça (CIJ).
A delegação brasileira reforçou que a medida também reflete a posição do governo Lula de considerar Netanyahu persona non grata em Brasília — status declarado após declarações do israelense comparando ações brasileiras ao Holocausto —, o que inviabilizaria qualquer aparência de legitimidade à sua fala no principal fórum diplomático mundial.
O plenário registrou que enquanto o anúncio de Netanyahu foi recebido com vaias e uma saída massiva de representantes — muitos usando lenços palestinos —, parte das delegações restantes o aplaudiu.
- Carnificina continua: EUA vetam a paz e escolhem o genocídio em Gaza
- Portugal, Reino Unido, Austrália e Canadá reconhecem oficialmente o Estado da Palestina
- ONU acusa Israel de genocídio em Gaza e aponta líderes como responsáveis
Paralelamente, o gabinete de Netanyahu determinou que sua fala fosse transmitida ao vivo em Gaza através de alto-falantes instalados em caminhões militares junto à fronteira, numa ação classificada como “diplomacia pública”. O governo israelense assegurou que a operação não exporia soldados a riscos.
Netanyahu chegou a Nova York sob tensão jurídica: seu avião desviou de rotas sobre países europeus onde é alvo de ordem de prisão do TPI por supostos crimes de guerra e contra a humanidade. A expectativa é que, após a assembleia, ele se encontre com o presidente norte-americano Donald Trump em Washington.
Bookmark