A Bolsa de Buenos Aires encerrou os três primeiros trimestres do ano como o mercado de pior performance global. O índice Merval acumula queda de 30% em moeda local e, quando convertido para dólares, o tombo chega a 47,12%, reflexo não só da desvalorização das ações, mas também do peso argentino, que segue em trajetória de forte enfraquecimento.
O contraste é evidente quando comparado a outros países da região. O Ibovespa, do Brasil, aparece entre os destaques positivos, com alta de 21,6% em reais e expressivos 41,5% em dólares no acumulado do ano. Já a Colômbia lidera o ranking mundial, com valorização de 35,7% em moeda local e 53,1% em dólares, seguida por Espanha, México e Peru, todos com ganhos robustos.
Nos mercados desenvolvidos, os números são mais modestos. O francês CAC 40 sobe apenas 6,8%, o holandês AEX tem alta de 7,3% e até o tradicional Dow Jones, em Nova York, avança só 9% em 2025.
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O desempenho negativo da Argentina está ligado ao desgaste político do governo Javier Milei e à dificuldade em implementar o chamado “choque de austeridade”. Após um 2024 marcado por euforia e alta histórica de mais de 170% na bolsa, a realidade em 2025 é de perda de confiança, fuga de capital estrangeiro e inflação ainda sem controle.
Especialistas apontam que, sem avanços nas reformas e maior estabilidade institucional, o cenário deve permanecer desafiador até o fim do ano. O resultado do Merval funciona, portanto, como termômetro da fragilidade argentina: em um momento em que vizinhos atraem investimentos, o país volta a ser visto como um terreno de alto risco e baixa previsibilidade.
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