Com profundas raízes na ancestralidade negra, indígena e travesti, Ayô Tupinambá lança seu primeiro álbum, “Exú-Mulher”, no dia 27 de outubro. O trabalho, composto por doze faixas, tece uma narrativa musical que une espiritualidade, identidade e resistência, revelando tanto a trajetória pessoal da artista quanto suas perspectivas para o futuro.
O título do disco nasceu de um encontro espiritual significativo. Ayô relata que, ao se identificar com a figura de Maria Mulambo – entidade das pomba giras da Umbanda que representa mulheres “rasgadas e retalhadas pela vida, mas que se reconstruíram” – ouviu da entidade: “Você é uma delas!”. Desse diálogo surgiu a concepção de “Exú-Mulher”, conceito que orienta todo o álbum.

Produzido em home studio ao lado de Dominique Vieira e Leo Matheus, o projeto representa um processo de cura e redescoberta para a artista. “Eu venho de uma criação que não me deixava sonhar em ser artista. É o encontro com essas entidades que acende uma chama de crença em mim mesma”, compartilha Ayô.
Musicalmente, o álbum percorre territórios que vão da MPB ao samba, do pagode ao funk, sempre permeados por ritmos percussivos. Essa diversidade reflete a liberdade criativa que Ayô conquistou: “O fio condutor sempre foram as experiências com as pombagiras, sem cair num estereótipo sonoro. Eu queria uma diversidade desses sons para me apresentar pro mundo”.
O disco conta com colaborações especiais que enriquecem sua narrativa espiritual. A Mãe de Santo Mãe Lume Watanabe abre o álbum com uma reza a Exú Orixá em “Tronqueira”, enquanto Assucena participa de “Para a Menina de Logunedé”, destacando temas de fé e equilíbrio. Jup do Bairro se junta a Ayô em “Pintoza” para explorar intersecções entre raça, corpo e identidade, e o Coral Vozes Trans – do qual Ayô é madrinha – marca presença em três faixas, incluindo a tocante “Exú-Mulher”, que também recebe Apêagá.
“Exú-Mulher” se constrói como uma verdadeira travessia sonora, conduzindo o ouvinte por diferentes fases da vida através de dores, descobertas e celebrações, sempre com a força ancestral como guia.
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