Um grupo de pesquisadores brasileiros apresentou nesta terça-feira (9) um medicamento experimental que pode transformar o tratamento de pacientes com lesões na medula espinhal. A polilaminina surgiu de pesquisas conduzidas pela professora Tatiana Coelho de Sampaio, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em colaboração com o laboratório Cristália.
Derivada da placenta humana, a polilaminina tem a capacidade de reativar neurônios que normalmente não voltariam a se regenerar, induzindo-os a formar novos axônios, estruturas essenciais para transmitir os impulsos elétricos responsáveis pelos movimentos do corpo. Em testes pré-clínicos, animais com lesões graves na medula voltaram a andar em poucos dias.
Nos estudos com voluntários, os resultados chamaram atenção. A atleta paralímpica Hawanna Cruz Ribeiro, que ficou tetraplégica após um acidente em 2017, recuperou até 70% do controle do tronco depois da aplicação do medicamento. Já Bruno Drummond de Freitas, vítima de um acidente de trânsito, relatou ter recuperado todos os movimentos em apenas cinco meses após receber a substância.
Apesar dos avanços, a polilaminina ainda não foi aprovada pela Anvisa. A agência reguladora ainda depende do envio de informações adicionais antes de liberar a etapa de testes clínicos em maior número de pacientes. Segundo especialistas, embora os resultados iniciais sejam promissores, é necessário cautela até que a eficácia e a segurança sejam confirmadas em humanos.
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O fármaco vem sendo fabricado na unidade de biotecnologia do laboratório Cristália, utilizando placentas doadas por mulheres saudáveis durante a gestação. A expectativa do laboratório é que, após a liberação da Anvisa, hospitais como o das Clínicas e a Santa Casa, em São Paulo, possam iniciar os primeiros procedimentos.
Para os pesquisadores, trata-se de um marco histórico.
Não vendemos ilusões, apresentamos evidências. Quanto mais rápida a aplicação após o trauma, melhores são os resultados
destacou Ogari Pacheco, fundador do Cristália, em entrevista à Folha de São Paulo.
Se comprovada sua eficácia em larga escala, a polilaminina poderá abrir caminho para milhares de pessoas que hoje convivem com paraplegia ou tetraplegia recuperarem sua autonomia.
*Com informações da Folha de São Paulo
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