Enquanto a parcela de famílias que pagam aluguel subiu de 18,4% para 23% entre 2016 e 2024, o número de pessoas com casa própria quitada caiu no mesmo período. Os dados fazem parte da edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada na sexta-feira (22) pelo IBGE
A casa própria, mais do que uma construção física, sempre foi um bem associado à sensação de segurança para o brasileiro. O retrato atual, porém, mostra como a sociedade de mercado, historicamente voltada ao lucro, prioriza cada vez mais a renda. A financeirização da moradia transforma o espaço urbano em tabuleiro de especulação, esvaziando o caráter de abrigo e reforçando a lógica do imóvel como ativo.
- Aluguéis em queda pelo terceiro mês consecutivo
- Preços de alimentos caem pelo segundo mês seguido
- Desemprego no Brasil atinge menor nível da série histórica
Para o analista William Kratochwill, que participou do estudo, os números indicam maior concentração de renda e atestam interesses velados que sustentam esse cenário. Apesar disso, ele projeta que, a longo prazo, as condições para a compra da casa própria “vão acontecer”. Kratochwill observa ainda que a lógica da renda imobiliária já pesa mais do que outras alternativas de investimento. Não é raro, segundo ele, que pessoas aluguem o próprio apartamento para morar em outro alugado. Sem oportunidades reais de aquisição, afirma, “quem deseja independência e formar família, mas não consegue adquirir um bem, acaba forçado a optar pelo aluguel”.
O estudo mostra ainda um crescimento, ainda que modesto, dos brasileiros morando em apartamentos: passaram a representar 15,3% dos lares, um aumento de 1,4 ponto porcentual em oito anos. Para o IBGE, o dado reforça a tendência de urbanização, concentrando cada vez mais gente nos grandes centros em busca de trabalho, serviços e benefícios urbanos.
Bookmark