A política anti-imigração é uma das principais bandeiras do presidente estadunidense Donald Trump. Na campanha eleitoral de 2024, em que conquistou seu segundo mandato, Trump prometeu promover a deportação em massa de milhões de pessoas. Nos primeiros sete meses do governo atual, o Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA deportou quase 200 mil pessoas.
A demonização dos imigrantes sempre foi parte central do discurso do político de Trump, como é típico da extrema direita. O paradoxo é que o próprio Trump é filho e neto de pessoas assoladas pela pobreza que imigraram da Europa para os Estados Unidos em busca de oportunidades.
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A mãe do político, Mary Anne MacLeod Trump, nasceu na Escócia e imigrou para os Estados Unidos em 1930, com 50 dólares no bolso. Ela foi uma das dezenas de milhares de jovens escoceses que partiram para os EUA expulsos de seu país de origem em consequência da chamada “Highland Clearances”, quando muitos dos agricultores perderam suas terras pelo acúmulo de dívidas e tiveram que imigrar por conta da fome. A lista de passageiros estrangeiros do barco Transylvania no qual ela viajou apontava sua ocupação como empregada doméstica.
Miséria humana
Famílias deslocadas na vila de Mary viviam em “miséria humana”. Historiadores locais relataram que as propriedades na época eram “indescritivelmente imundas”. A eclosão da Primeira Guerra Mundial enfraqueceu a economia da área e agravou a situação. Muitos dos irmãos da mãe de Trump também migraram, tanto para os Estados Unidos como para o Canadá.
Já o pai do presidente estadunidense, Fred Trump, era filho de imigrantes alemães. Seu pai e avô de Trump, Frederick Trump, nasceu em Kallstadt, no Palatinado, no Reino da Baviera, no Império Alemão. Emigrou para os Estados Unidos em 1885, aos dezesseis anos.
Frederick casou em 1902 com Elisabeth Christ, que nasceu na mesma cidade alemã que ele, e viria a se tornar a matriarca da família Trump. Filha de Philipp Christ e Anna Maria, sua família possuía um pequeno vinhedo, mas como o dinheiro não era suficiente para a subsistência, o pai trabalhava também como funileiro, consertando e vendendo panelas.