A PF colocou o advogado Luiz Cláudio Freire de Souza França – que se apresenta como secretário-geral nacional do Podemos – no centro da 8ª fase da Operação Overclean, deflagrada nesta sexta (31). Segundo a investigação, ele fazia a ponte entre empresários já investigados na Bahia e o núcleo político do Tocantins, onde foram fechados contratos superfaturados na Educação com dinheiro de emendas parlamentares.
Os investigadores apontam que o escritório dele, em Brasília, recebeu ao menos R$ 510 mil entre 2021 e 2024 de empresas ligadas ao grupo de Alex Parente — o mesmo grupo que conseguiu contratos de “dedetização” na Secretaria de Educação do Tocantins (Seduc-TO) e faturou cerca de R$ 16,9 milhões com suspeita de superfaturamento e propina.
Esses pagamentos saíam como “consultoria jurídica”, mas batiam com as datas de liberação de licitações e emendas. O STF autorizou buscas em Brasília, SP, Palmas e Gurupi. Ele não foi preso.
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Para a PF, França era o elo de Brasília que dava cobertura política e jurídica ao grupo. A suspeita é de que ele ajudava a direcionar emendas e mantinha o esquema funcionando mesmo depois das primeiras fases da Overclean.
O Podemos nega que ele tenha cargo na direção nacional e tenta tratar o caso como prestação de serviço. A PF, porém, trabalha com a hipótese oposta: a de que o peso político dele foi justamente o produto vendido ao esquema. Se essa linha se confirmar nos próximos autos, a Overclean deixa de ser só uma operação sobre prefeitos e secretarias e passa a alcançar o circuito partidário em Brasília.
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