Em 2025, a Organização das Nações Unidas completa 80 anos como a principal instituição multilateral do planeta, num momento de profundas contradições: enquanto sua relevância é questionada diante de guerras não resolvidas e crises humanitárias, sua rede de agências continua essencial para a governança global em áreas como saúde, alimentação e direitos humanos.
Entre conquistas e limitações
Criada em 1945 sobre os escombros da Segunda Guerra Mundial, a ONU construiu um legado inegável: da Declaração Universal dos Direitos Humanos às missões de paz que evitaram conflitos regionais, passando pela descolonização de África e Ásia. No entanto, sua principal limitação estrutural reside no Conselho de Segurança, onde cinco membros permanentes (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) mantêm poder de veto. Essa arquitetura do pós-guerra se mostrou completamente defasada como vimos nas tentativas de intervenção na guerra da Ucrânia e a no genocídio em Gaza.
Em 2025, países europeus reduziram drasticamente suas contribuições, enquanto os Estados Unidos de Donald Trump aprofundaram seu desengajamento – retirando-se de órgãos como o Conselho de Direitos Humanos e cortando financiamento para agências multilaterais. Para Trump, a ONU é uma organização “woke”, e seja lá o que seja isso na cabeça dele, é motivo para desencorajar investimentos na instituição, sobretudo nas áreas em que a extrema-direita costuma ver como pedaços esquerdistas como direitos humanos.
Além do Conselho de Segurança
Se em questões de segurança, a ONU está limitada pelo poder de seus membros cativos, é dela que partem recomendações que influem diretamente na vida de milhões de pessoas ao redor do globo. Campanhas sobre o sobre aleitamento materno e até padrões de segurança alimentar partem ou são endossados por ela e organizações como Unesco, Unicef e OMS continuam fundamentais para educação, proteção infantil e saúde global, demonstrando que a relevância da ONU vai muito além das disputas no Conselho de Segurança.
Seu maior desafio nos 80 anos talvez seja adaptar-se a um mundo multipolar sem perder sua capacidade de promover diálogo e cooperação entre nações, o que é muito difícil quando o Conselho principal a organização está mais preocupado com pautas lunáticas do que medidas práticas para melhorar o bem-estar global.
Texto adaptado de reportagem da BBC News
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