Se o golpe neofascista dos bolsonaristas tivesse tido efeito, você seria um resignado ou seria um Marighella? Nesta terça-feira (4), completam-se 56 anos da morte de Carlos Marighella, uma das figuras mais icônicas da história política brasileira do século XX.
Baiano de Salvador, ele veio ao mundo em 1911. Cresceu e viveu para ser militante comunista, escritor e político. Tornou-se um dos principais nomes da resistência à ditadura militar e permanece como símbolo da luta contra a opressão política no país.
Nos anos 1930, cursou Engenharia na Escola Politécnica da Bahia. Em 1934, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB), dedicando-se a causas como direitos trabalhistas, educação pública e soberania nacional. Sob a vigência do Estado Novo de Getúlio Vargas, foi preso pela primeira vez em 1936, acusado de atividades consideradas subversivas.
Em 1945, com a redemocratização, foi eleito deputado federal constituinte pela Bahia, e foi ferrenho defensor de pautas até hoje urgentes como reforma agrária, nacionalização de setores estratégicos e expansão do acesso à educação. No entanto, com a cassação do registro do partido em 1947, perdeu o mandato e retornou à clandestinidade.
Entre as décadas de 1950 e 1960, Marighella se tornou uma das principais lideranças comunistas no Brasil, produzindo artigos, poemas e obras sobre política e resistência. Com o golpe militar de 1964, tornou-se alvo prioritário do regime. Em 1965, foi baleado e preso pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) em São Paulo.
Sempre inquieto, ele não estava satisfeito com a linha de resistência pacífica adotada pelo PCB, então rompeu com a organização e fundou, em 1968, a Ação Libertadora Nacional (ALN), que pregava a luta armada como meio de enfrentamento à ditadura. O grupo realizou expropriações bancárias e ataques a símbolos do poder, com o intuito de financiar e divulgar a resistência.
Foi nesse contexto que escreveu o “Minimanual do Guerrilheiro Urbano”, referência mundial para movimentos revolucionários. Inimigo “número um” do regime, Marighella foi morto em uma emboscada do DOPS no dia 4 de novembro de 1969, em São Paulo, em ação coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.
Sua execução foi comemorada e explorada de maneira mórbida pela ditadura militar. Mas ao contrário do que queriam os vermes fardados, Marighella virou lenda inspiradora. Até hoje, obras são criadas em sua memória .
Os também lendários Racionais MCs escreveram a canção “Mil Faces de um Homem Leal” em homenagem ao revolucionário. Em 2021, Wagner Moura dirigiu um filme biográfico com Seu Jorge como protagonista.
Já seus assassinos foram para a lata de lixo da história.
