O anúncio de que Flávio Bolsonaro (PL-SP) será o candidato à Presidência da República em 2026 com o apoio do pai presidiário, Jair, caiu como um míssel nuclear na direita brasileira. A avaliação geral é de que os maiores perdedores no jogo político nacional com esse gesto são Tarcísio de Freitas (Repub-SP), o Centrão e a “Faria Lima”, que já tinham no governador de São Paulo o principal nome para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.
Não era à toa que Tarcísio frequentava, nos últimos meses, dia sim, dia não, eventos patrocinados por grandes empresários e pelo mercado financeiro, explanando seu ideário neoliberal, privatista e entreguista.
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Para esse campo político, o governador era o único nome capaz de atrair o voto do eleitorado de centro, refratário ao bolsonarismo radical. Ao escolher Flávio, Jair Bolsonaro isola Tarcísio e racha de vez a direita.
Sobrenome
Não é segredo para ninguém que o Centrão e a elite econômica não queria ninguém com o sobrenome Bolsonaro na chapa presidencial. Afinal, depois do fracasso do tarifaço e da prisão de Jair, esse sobrenome tinha se tornado “tóxico”, diante do alto grau de rejeição que ele traz para a disputa eleitoral.
Nesse cenário, restará a Tarcísio permanecer em São Paulo e buscar a reeleição. Ao indicar o filho, o ex-presidente deixa claro que não pretende abrir mão de seu espólio político em favor de alguém de fora da família.
Humilhação
A escolha também representa uma humilhação para o governador, que passou os últimos meses fazendo juras públicas de lealdade a Bolsonaro, na esperança de atrair o eleitorado raiz de extrema direita, apenas para ser “rifado” no final por seu “mito”.
Para Lula e o campo progressista, é o melhor dos mundos. Com o ex-presidente fora do páreo e Tarcísio isolado, o presidente tem caminho aberto para atrair lideranças de centro que não estão dispostas a ir para o sacrifício subindo no palanque de Flávio apenas para garantir que a família mantenha o controle da parcela do eleitorado mais radical.
Fora do páreo
Esvazia-se também a possibilidade de uma candidatura da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que nas últimas semanas enfrentou os enteados, ganhando a queda de braço em torno dos herdeiros do grupo político formado em torno de seu marido encarcerado.
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