A atualização mais recente da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE mostrou um cenário que vai na direção oposta à redução da extrema pobreza observada no país como um todo. Entre as dez maiores regiões metropolitanas do país, metade registrou avanço da miséria na última década, incluindo os entornos de Rio de Janeiro e São Paulo. Embora o Brasil tenha reduzido de 5,6% para 3,5% o percentual de pessoas vivendo com menos de US$ 2,15 por dia, as grandes metrópoles seguiram caminho inverso.
Em 2015, essas regiões somavam 62 milhões de habitantes, dos quais 1,8 milhão estava em extrema pobreza. Em 2024, essas regiões somaram 64 milhões de moradores, dos quais 2,1 milhões viviam em extrema pobreza, avanço que elevou o índice de 2,9% para 3,3%.
O crescimento da miséria urbana reforça um cenário de desigualdade cada vez mais marcado pela dificuldade de acesso a emprego formal, alto custo de vida e expansão desordenada das periferias.
O maior retrocesso ocorreu na Grande Fortaleza. A área, historicamente marcada por forte desigualdade, registrou alta de 2,6 pontos percentuais na extrema pobreza, chegando a 6,8% dos moradores, o equivalente a aproximadamente 348 mil pessoas. A informalidade elevada e a fragilidade das políticas sociais locais contribuíram para que o rendimento médio da região permanecesse entre os mais baixos do país.
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Em números absolutos, a Grande São Paulo lidera: passou de 406 mil para 630 mil moradores em situação de miséria, refletindo as dificuldades de um mercado de trabalho que se recupera lentamente e ainda concentra ocupações de baixa remuneração.
Pesquisadores apontam que a dinâmica econômica das grandes cidades, pressionada por inflação mais alta, juros elevados e investimentos privados em desaceleração, cria um ambiente desfavorável para a reversão rápida desse quadro.
Nos próximos anos, a trajetória da pobreza dependerá do ritmo de crescimento econômico e da continuidade de programas de transferência de renda, especialmente diante das incertezas que cercam o ciclo eleitoral de 2026.
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