Aliados evangélicos de Jorge Messias, indicado pelo presidente Lula para o Supremo Tribunal Federal, articulam uma ofensiva política para tentar reduzir a resistência que seu nome enfrenta no Senado. O grupo pretende levar uma comitiva de pastores ao Congresso no dia da votação, na tentativa de sensibilizar parlamentares e demonstrar que eventual rejeição poderia gerar desgaste entre parte significativa do eleitorado evangélico, hoje quase 27% da população, de acordo com o último censo.
A movimentação ocorre porque Messias chega à sabatina em ambiente hostil. A escolha contrariou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e setores influentes da Casa, que preferiam o nome de Rodrigo Pacheco. Desde a indicação, anunciada em 20 de novembro, Alcolumbre tem sinalizado que não está disposto a facilitar a aprovação e deixou claro que Messias precisará conquistar os votos por conta própria. Para assumir o cargo no STF, ele depende do apoio de ao menos 41 dos 81 senadores.
Messias iniciou sua campanha imediatamente após ser confirmado por Lula. Buscou parlamentares por telefone, visitou gabinetes e tem destacado sua identidade religiosa como forma de aproximação. Nas redes sociais, reforçou o vínculo com o eleitorado evangélico ao publicar mensagem alusiva ao dia comemorativo do grupo.
- Lula é pressionado a nomear mulher para a AGU após escolha de Jorge Messias
- Lula indica Jorge Messias para vaga no STF
- Em 2021, Alcolumbre “segurou” votação de indicação de ministro do STF por cinco meses
Mesmo assim, o clima segue incerto. Senadores reconhecem qualidades pessoais do indicado, mas afirmam que a disputa política em torno da escolha pesa contra ele. A avaliação predominante é que a aprovação só avançará caso haja um entendimento entre Lula e Alcolumbre, algo ainda indefinido, mas considerado possível por aliados do governo.
A sabatina e a votação foram marcadas para 10 de dezembro. A escolha de Weverton Rocha como relator, um parlamentar ligado tanto a Alcolumbre quanto ao presidente, foi interpretada como um sinal moderadamente favorável. Ainda assim, caso Messias seja rejeitado, Lula enfrentará uma derrota rara: desde o fim do século 19, o Senado não barra uma indicação ao Supremo.
Bookmark