A COP30 começou em Belém (PA), nesta segunda-feira (10), sob o peso das críticas — e do boicote — de Ailton Krenak. Em entrevista publicada no sábado (08) pelo El País, o escritor e líder indígena afirmou que a conferência foi “sequestrada pela perspectiva econômica” e que “o clima virou mercado”, anunciando que não participaria para não ter seu nome associado ao evento.
Krenak apontou a contradição entre sediar a cúpula na Amazônia e liberar a perfuração de petróleo na Margem Equatorial. Disse que, em um regime presidencialista, “quem decide é o presidente”, e criticou a licença concedida em outubro para a Petrobras perfurar na Foz do Amazonas.
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Na leitura de Krenak, há “tokenização” dos povos originários: há foto, crachá e microfone, mas não poder de decisão nem orçamento. Sem canal direto para as comunidades no mecanismo de perdas e danos e com o “legado” urbano respaldando obras e remoções, lideranças indígenas seguem fora de comitês com voto — e não há instrumento que lhes assegure poder de veto sobre a expansão do petróleo na Margem Equatorial.
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