A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) traçou um diagnóstico preocupante sobre o avanço das facções criminosas no país. Segundo relatórios apresentados ao Congresso nesta semana, três grupos já têm atuação nacional, Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Terceiro Comando Puro (TCP), enquanto outras 31 organizações dominam territórios estaduais inteiros.
O levantamento revela que o Comando Vermelho, criado no Rio de Janeiro, está presente em 20 estados e participa de praticamente todos os confrontos entre facções no Brasil. A expansão começou em 2013 e se consolidou nos últimos anos, impulsionada por alianças com grupos locais e pela oferta de redes logísticas para o tráfico de drogas e armas. Segundo oficiais da Abin, o CV tornou-se o eixo central do crime organizado no país, com ramificações que ultrapassam o campo policial e já ameaçam estruturas do Estado.
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O PCC, nascido em São Paulo, ampliou seu alcance para fora do Brasil, com presença confirmada em 28 países e mais de dois mil integrantes no exterior. Essa movimentação internacional abriu espaço interno para o avanço do CV e do TCP, este último, também de origem carioca, já atua em nove estados e vem replicando o modelo violento e descentralizado das demais facções.
Os agentes da Abin alertam que o crime organizado está diversificando suas fontes de lucro: além do tráfico, busca dominar atividades como fornecimento de internet, gás e combustível em comunidades. O fenômeno foi classificado como a “nacionalização da lógica fluminense”, uma escalada que transforma o crime em uma ameaça estrutural à segurança e à governança do país.
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