Em uma demonstração de força e articulação política, fandoms de algumas das maiores estrelas da cultura pop global uniram-se em uma campanha maciça no Twitter. Sob a hashtag #FandomsContraAPedofilia, grupos de fãs de artistas como Lady Gaga, Jenna Ortega, Jungkook (do BTS) e o próprio grupo BTS viralizaram uma onda de posts que critica a aprovação do PDL DA PEDOFILIA, que condena meninas vítimas de estupro a serem mães e dificulta o combate à pedofilia.
O movimento é uma resposta direta a propostas e discursos de políticos e grupos neopentecostais que buscam restringir os direitos de meninas e mulheres vítimas de estupro que engravidaram, relativizando a violência sofrida e dificultando o acesso ao aborto legal – direito garantido por lei no Brasil nesses casos.
A campanha não se limita a um único fandom, mas é uma convergência estratégica de várias “patotinhas” – como são conhecidos os fãs de K-Pop – e outros grupos. Perfis dedicados a suas divas e ídolos passaram a compartilhar massivamente threads explicativas, cartilhas sobre consentimento, dados sobre violência sexual e críticas diretas a parlamentares alinhados com essa agenda. A tática inclui o bombardeio de respostas em publicações de figuras políticas, soterrando seus discursos com informações e protestos.
Ver os fandoms, que muitas vezes são subestimados como apenas ‘fãs adolescentes’, usando sua capacidade de organização e alcance para uma pauta tão crucial é significativo. Eles estão mostrando como a arte e entretenimento pode virar ativismo de rede e confrontar narrativas perigosas diretamente na linha de frente digital.
A reação parece ser, em parte, uma resposta à retórica que tenta minimizar a gravidade de casos de pedofilia e estupro, mascarando-a sob um discurso de “proteção da família”. Para os organizadores da campanha, a defesa intransigente das vítimas é inegociável.
“Eles tentam falar de moralidade, mas estão defendendo estupradores e torturando meninas duas vezes: pela violência e pela obrigação de carregar o trauma. Nossos fandoms são majoritariamente compostos por mulheres e pessoas LGBTQIA+. Sabemos o que é ter nossos corpos policiados. Não vamos calar”, declarou uma moderadora de um perfil fã de Lady Gaga, que preferiu não se identificar.
A tag #FandomsContraAPedofilia chegou aos trending topics nacionais do Twitter, demonstrando o poder de fogo dessas comunidades. O episódio ilustra uma politização crescente desses grupos, que, mobilizados por suas divas e ídolos – muitos dos quais se posicionam publicamente sobre direitos civis –, estão traduzindo essa admiração em ação política concreta, transformando o love dos fãs em uma poderosa ferramenta de resistência virtual.
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