O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) apresentou uma emenda ao Plano Nacional de Educação (PNE) que prevê a inclusão de “múltiplos pontos de vista” sobre mudanças climáticas no currículo escolar. A proposta, que será votada pelo Congresso para definir as diretrizes educacionais da próxima década, alega combater “doutrinação” e assegurar “neutralidade” no ensino. Basicamente ele quer pregar anticiência na educação brasileira.
Em sua justificativa, o parlamentar defende que as escolas apresentem “dados, métodos e incertezas de forma responsável, distinguindo ciência de ativismo”. A emenda afirma que o objetivo é “formar o aluno para decidir com base em evidências”, embora o consenso científico internacional atribua as mudanças climáticas atuais predominantemente à ação humana.
A posição de Ferreira alinha-se com discursos como o do ex-presidente dos EUA Donald Trump, que em 2023 classificou as mudanças climáticas como “farsa” em discurso na ONU. Dentro do bolsonarismo, é recorrente a relativização do tema – como fez o deputado Osmar Terra (PL-RS), que usou eventos de frio extremo para questionar o aquecimento global, ignorando que tais extremos são compatíveis com os modelos climáticos.
Cientistas e educadores alertam que a emenda pode abrir espaço para a disseminação de negacionismo climático sob o pretexto de “pluralismo”. O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), respaldado por 195 países, já afirmou com 99% de certeza que a atividade humana é a principal responsável pelo aquecimento global.
A discussão ocorre em um contexto sensível: o PNE determinará as bases educacionais brasileiras até 2035. Críticos argumentam que a proposta de Ferreira, se aprovada, poderá enfraquecer o ensino baseado em evidências e dificultar a conscientização ambiental das novas gerações.
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