Movimentos populares e de favelas denunciaram, nesta quarta-feira (28), uma série de violações de direitos e violência policial na operação de terça-feira (27) nos Complexos da Penha e do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, que deixou mais de 130 mortos.
A Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro (Faferj) divulgou uma carta pública de repúdio contra o que foi chamado de “massacre”.
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“Os relatos de horror que emergiram dessas comunidades – com cenas de guerra, execuções sumárias, violação de domicílios, impedimento de socorro a feridos e a total suspensão dos direitos mais básicos – não são incidentes isolados. São a face mais crua de uma política de segurança pública falida e genocida, que há décadas trata as favelas e seus moradores como territórios inimigos e cidadãos de segunda categoria”, diz o documento.
A Faferj também manifestou indignação por considerar que a vida dos moradores das favelas está sendo tratada como “dano colateral em operações que, sob o pretexto de combater o crime, semeiam terror, luto e trauma coletivo”. Segundo a entidade, a política de segurança atual apenas “aprofundou o abismo social, naturalizou a violência de Estado e perpetuou um ciclo de morte que só interessa ao projeto de extermínio da população pobre e negra deste país”.
O documento reivindica medidas como a “desmilitarização das abordagens policiais nas favelas” e a construção de uma nova política de segurança pública pautada pelo cuidado e pela garantia de direitos. “Segurança se faz com presença do Estado, não com invasão. Com políticas sociais, não com políticas de morte. Com vida digna, não com luto permanente”, ressalta.
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