A escalada da violência no Rio de Janeiro ganhou contornos inéditos nesta terça-feira (28), durante a Operação Contenção. Traficantes ligados ao Comando Vermelho usaram drones equipados com explosivos para atacar helicópteros e viaturas policiais.
O episódio representa um salto tecnológico nas táticas do crime organizado e levou o governo estadual a classificar a ofensiva como ato de “narcoterrorismo”, termo usado para descrever o uso de armamento e estratégia militar em contexto urbano. A cena, registrada em vídeo, foi descrita pelo secretário de Segurança, Victor Santos, como uma “realidade de guerra urbana”.
Segundo o governador Cláudio Castro, o uso desses equipamentos reforça a necessidade de cooperação federal e de “novos protocolos de enfrentamento” no estado. Essa é a primeira vez que o uso ofensivo de drones é oficialmente registrado em uma operação policial no Rio.
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O episódio também reflete o espelhamento de uma lógica global, em que a militarização se tornou uma espécie de “moda” política, normalizada por governos de direita em diversos países e assimilada pela extrema-direita brasileira.
A retórica da guerra — que legitima execuções sumárias e suspensão de direitos sob o pretexto de restaurar a ordem — agora serve de modelo a gestores locais. O cenário se torna ainda mais complexo quando a violência estatal é convertida em capital político, usada como demonstração de força diante do caos que ela mesma alimenta.
Ao adotar o termo “narcoterrorismo” e reivindicar “cooperação federal”, o governo fluminense reproduz a lógica do confronto total — a mesma que, em El Salvador, Israel e nos Estados Unidos, transforma a política de segurança em espetáculo de guerra e confunde território civil com campo de batalha.
Assista ao vídeo abaixo:
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