Skip to content Skip to footer

Empresas escrevem leis no lugar de deputados, revela investigação

Câmara de Deputados
(Foto: Câmara dos Deputados/Divulgação)

Nos bastidores de Brasília, uma descoberta acende um alerta sobre a transparência no Congresso Nacional: leis e emendas que chegam ao plenário com a assinatura de parlamentares vêm sendo escritas por empresas e entidades privadas. Um levantamento, publicado em primeira mão pelo UOL, analisou 345 mil documentos e encontrou ao menos 2 mil propostas legislativas, entre projetos de lei, emendas e requerimentos, redigidas por lobistas desde 2019.

Essas iniciativas foram apresentadas oficialmente por deputados e senadores de diferentes partidos — mas os arquivos digitais revelam, nos metadados, a verdadeira autoria: escritórios de advocacia e consultorias contratadas por grandes setores econômicos.

Os exemplos são claros. A emenda que reduziu impostos das apostas esportivas — as chamadas bets — foi escrita por uma advogada que representava empresas do ramo. Outra, que eliminava tributos sobre medicamentos, saiu das mãos de um funcionário do sindicato da indústria farmacêutica. Até a proposta que tentou extinguir o programa de alimentação saudável nas escolas teve origem na Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).

Em todos esses casos, os textos chegaram ao Congresso prontos, bastando aos parlamentares assinar e protocolar. O resultado é um sistema em que o poder de escrever leis, que deveria ser prerrogativa dos eleitos, se desloca para quem tem influência — e orçamento — para contratar lobistas.

O lobby é uma atividade legal no Brasil, mas não regulamentada. Na prática, isso significa que deputados e senadores não precisam divulgar quem os visita, o que discutem em seus gabinetes nem quem realmente redige as propostas que apresentam. A ausência de transparência transforma o Congresso num campo fértil para interesses empresariais agirem longe dos olhos do público.

Segundo especialistas, o problema não é o diálogo entre setor privado e governo — algo legítimo em democracias. O risco está em fazer leis sob medida, escritas fora do Parlamento e aprovadas dentro dele, sem que o cidadão saiba de onde vieram as ideias que moldam sua vida.

Bookmark

Henrique Romanine

Jornalista, colecionador de vinil e apaixonado por animais, cinema, música e literatura. Inclusive, sem esses quatro, a vida seria um fardo.

Mais Matérias

Tribunal militar acata ação para perda de patente de Bolsonaro e declaração de “indignidade”

Medida foi protocolada pela deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), que pediu expulsão de outros militares envolvidos no golpe
19 dez 2025

Sóstenes diz que R$ 400 mil em dinheiro vivo é da venda de imóvel, mas não explica onde ele fica nem quando foi vendido

Sobre os carros alugados, ele afirmou que utiliza os veículos, razão pela qual não se poderia falar em lavagem de dinheiro

Moraes rejeita recurso de Bolsonaro contra condenação por trama golpista

Ministro considerou o recurso protelatório e reafirmou que ex-presidente não tem direito aos embargos infringentes
19 dez 2025

Mundo da Lua, da TV Cultura, é indicado ao prêmio Infantil do Rose d’Or Latinos 2026

A nova temporada da série “Mundo da Lua” é uma realização da TV Cultura em parceria com o SESI-SP, com a Mixer Films na produção. O infantil é exibido pela TV C
19 dez 2025

Flávio Dino determina quebra de sigilo bancário de deputados Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy

A quebra de sigilo bancário deve permitir mapear o fluxo financeiro do suposto esquema, identificando destino e ocultação dos recursos desviados. A medida ocorr

Como você se sente com esta matéria?

Vamos construir a notícia juntos

Deixe seu comentário