Levantamento do BFC revela que, se aprovada, a criação da “bancada cristã” na Câmara Federal custará pelo menos R$ 1,6 milhão ao mês ou quase R$ 20 milhões ao ano aos cofres públicos somente com o pagamento dos salários de assessores. Os números foram obtidos com exclusividade por meio da análise de dados e resoluções do Legislativo. Nesta quarta-feira (22), os deputados aprovaram, por 398 votos a 30, a urgência para votação de projeto que cria a nova estrutura.
Caso o mérito da matéria seja aprovado, a nova bancada, formada por parlamentares evangélicos e católicos, terá direito a uma liderança própria, que participará das reuniões de líderes da Câmara, com garantia de voz e voto. Além disso, terá a sua disposição um total de 218 cargos para contratação de assessores.
- Câmara aprova urgência para criação da bancada cristã
- Pastor pedófilo aliado de Trump é condenado nos EUA
- Pastor flagrado de calcinha e peruca é servidor público e cantor
Estrutura fixa
Projeto de resolução aprovado em 2022 pelos deputados estabeleceu que bancadas partidárias com cinco ou mais deputados têm direito a liderança própria e a uma estrutura fixa de até quinze cargos de confiança (de livre nomeação, sem concurso público) para a contratação de assessores. O gasto adicional para o contribuinte brasileiro é de R$ 110.681,96 mensais ou R$ 1.328.183,52 ao ano.
Estrutura adicional
A mesma resolução prevê que bancadas com mais do que cinco deputados têm direito também a uma estrutura adicional proporcional ao número de parlamentares. Como somente a bancada evangélica tem 219 parlamentares, isso significa que a liderança “cristã” poderá contratar mais 203 assessores, a um custo mensal de R$ 1.495.959,19 ou R$ 17.951.510,28 ao ano aos cidadãos brasileiros.
Tradicionalmente, esses cargos são usados para abrigar aliados políticos e cabos eleitorais dos deputados.
Igreja Universal
A proposta foi apresentada pelos presidentes das frentes parlamentares evangélica e católica, respectivamente os deputados Gilberto Nascimento (PSD-SP) e Luiz Gastão (PSD-CE). Com a urgência, o projeto pode ser votado diretamente no Plenário, sem passar antes pelas comissões. A iniciativa conta com o apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta, que é do Republicanos, partido controlado pelos parlamentares evangélicos e ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.
Veja quantos e quais cargos com respectivos salários têm as lideranças de bancadas da Câmara Federal:
Estrutura fixa
- Chefe de Gabinete (FC-4): R$ 10.994,70;
- Assessor Técnico (CNE-07): R$ 18.019,80;
- Assessor Técnico (FC-3): R$ 9.692,68;
- Assessor Técnico de Plenário (FC-3): R$ 9.692,68;
- Chefe de Sec. de Vice-Líderes (FC-2): R$ 6.944,01;
- Secretário Particular (CNE-09): R$ 5.063,35;
- Assistente Técnico de Gabinete (CNE-09) R$ 5.063,35;
- Assistente de Gabinete (FC-1): R$ 5.063,35 (5 cargos);
- Assessor Técnico Adjunto B (CNE-10): R$ 8.520,23;
- Assessor Técnico Adjunto C (CNE-12) R$ 6.084,75;
- Assistente Técnico de Gabinete Adjunto C (CNE-13) R$ 5.289,66.
Total/mês: R$ 110.681,96
Total/anual: R$ 1.328.183,52
Estrutura adicional
- Assessor Técnico (CNE-07) – 25 cargos com salário de R$ 18.019,80 cada;
- Assessor Técnico (FC-3) – 04 cargos com salários de R$ 9.692,68 cada;
- Assistente Técnico de Gabinete (CNE-09) – 23 cargos com salários de R$ 5.063,35 cada;
- Assistente de Gabinete (FC-1) – 11 cargos com salários de R$ 5.063,35 cada;
- Assessor Técnico Adiunto B (CNE-10) – 12 cargos com salários de R$ 8.520,23 cada;
- Assistente Técnico de Gabinete Adjunto B (CNE-11) – 18 cargos com salários de R$ 7.157,35 cada;
- Assessor Técnico Adiunto C (CNE-12) – 11 cargos com salários de R$ 6.084,75 cada;
- Assistente Técnico de Gabinete Adiunto C (CNE-13) – 31 cargos com salários de R$ 5.289,66 cada;
- Assessor Técnico Adjunto D (CNE-14) – 31 cargos com salários de R$ 4.374,16 cada;
- Assistente Técnico de Gabinete Adiunto D (CNE-15) – 37 cargos com salários de R$ 3.566,32 cada.
Total/mês: R$ 1.495.959,19
Total/ano: R$ 17.951.510,28
