A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (22), por ampla maioria — 398 votos a favor e 30 contrários — o pedido de urgência para o projeto que institui oficialmente uma bancada cristã na Casa. A medida permite que o texto seja votado diretamente em plenário, sem passar pelas comissões temáticas.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o tema será debatido “com responsabilidade” antes de ir à votação final. A proposta é assinada pelos deputados Gilberto Nascimento (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, e Luiz Gastão (PSD-CE), líder da Frente Parlamentar Católica.
O texto prevê a criação de uma estrutura formal com coordenação-geral e três vice-coordenadorias, composta por parlamentares que se autodeclarem cristãos. A bancada teria direito a participar das reuniões do Colégio de Líderes — com voz e voto — e a usar a tribuna do plenário por cinco minutos semanais, em espaço reservado às lideranças.
Os autores justificam a proposta afirmando que o Brasil é “uma nação de maioria cristã”, citando dados do IBGE que apontam mais de 80% da população como seguidora dessa fé. Segundo eles, a formalização da bancada busca “dar voz a milhões de brasileiros” e fortalecer pautas ligadas à família, à vida e à liberdade religiosa.
Partidos da base governista, como PT e PSOL, se posicionaram contra a medida, argumentando que ela fere o princípio do Estado laico. A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) questionou se a Câmara também criaria bancadas para religiões de matriz africana. Apesar das críticas, o avanço do projeto reforça a força das frentes evangélica e católica no Congresso e reacende o debate sobre os limites entre fé e política no Parlamento brasileiro.
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