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Historiador alemão identifica nazista em foto histórica de assassinato no Holocausto

Historiador alemão identifica nazista em foto histórica de assassinato no Holocausto

Um historiador alemão identificou, com auxílio de inteligência artificial, o soldado nazista retratado em uma das fotografias mais icônicas do Holocausto. A imagem, conhecida como “O Último Judeu de Vinnitsa”, mostra um membro da Waffen-SS apontando uma arma para a cabeça de um homem judeu, ajoelhado à beira de uma vala comum.
Apesar do título que referência a cidade de Vinnitsa, o registro foi feito próximo a Berdychiv, na Ucrânia. O massacre foi executado pelo comando Einsatzgruppe C, uma unidade móvel encarregada do extermínio de judeus e “partidários” nos territórios soviéticos ocupados. O episódio ocorreu dias antes de uma visita de Adolf Hitler à região.

O historiador Jürgen Matthäus, radicado nos EUA, dedicou anos à investigação. Sua descoberta – a identidade do atirador sendo o professor e membro early-adopter do partido nazista Jakobus Onnen – foi publicada na revista alemã Zeitschrift für Geschichtswissenschaft e reportada pelo The Guardian.

Historiador alemão identifica nazista em foto histórica de assassinato no Holocausto

O breakthrough veio quando um familiar de Onnen, reconhecendo a cobertura midiática prévia do caso, entrou em contato com Matthäus. Ele suspeitava que o soldado na foto era o tio de sua esposa. Embora as cartas de guerra de Onnen tenham sido destruídas na década de 1990, a família ainda conservava fotografias suas. A confirmação foi um trabalho de detective histórico que combinou métodos tradicionais de arquivo com a sorte, o contributo de colegas e a perícia digital de voluntários do grupo de investigação Bellingcat.

As fotos de Onnen foram submetidas a análise por IA. Especialistas alertaram que, por se tratar de uma imagem histórica, seria difícil atingir o alto grau de certeza comum em casos forenses modernos. No entanto, a correspondência facial foi considerada “excepcionalmente alta” pelos parâmetros do algoritmo, e Matthäus juntou evidências suficientes para confirmar a identidade.

Nascido em 1906, Onnen era um professor de línguas e educação física de uma família culta, com gosto por viagens e idiomas. Já era membro do partido nazista antes da ascensão de Hitler em 1933. De acordo com o familiar, o conteúdo de suas cartas era “banal”. Onnen nunca foi promovido e morreu em combate em 1943. “Participar de um massacre como aquele era algo natural e não lhe dava nenhum tipo de bônus nessas unidades de extermínio”, explicou Matthäus.

As vítimas do fuzilamento permanecem não identificadas, uma prática deliberada dos nazistas. Acredita-se que a foto foi tirada por um colega de Onnen, pois imagens como esta eram frequentemente tratadas como “troféus” de massacres.

O episódio ilustra a escala do extermínio: dos cerca de 20 mil judeus de Berdychiv em 1941, apenas 15 sobreviviam no início de 1944. “Essas execuções em massa nesse formato continuaram até o último dia da ocupação alemã no leste”, concluiu o historiador.

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Aquiles Marchel Argolo

Jornalista, escritor, fã de cultura pop, antirracista e antifascista. Apaixonado por comunicação e tudo que a envolve. Sem música a vida seria impossível!

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