O Brasil avançou de forma significativa na luta contra a fome. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), divulgados pelo IBGE, mostram que em 2024 o país atingiu o menor patamar de insegurança alimentar grave desde o início do levantamento, em 2004. Atualmente, 3,2% dos domicílios brasileiros enfrentam a situação mais crítica de falta de acesso a alimentos — cerca de 6,4 milhões de pessoas, número consideravelmente menor que o registrado em 2023, quando 8,6 milhões viviam nessa condição.
O avanço é expressivo: 2,2 milhões de brasileiros deixaram de conviver com a fome em apenas um ano. Além disso, o percentual total de domicílios em algum grau de insegurança alimentar — leve, moderada ou grave — caiu de 27,6% para 24,2% no mesmo período. Apesar da melhora, o país ainda não retomou o patamar de 2013 (22,6%), quando registrou o melhor desempenho da série.
Especialistas do IBGE apontam que a melhora está diretamente ligada ao aumento da renda e à redução do desemprego, fatores que ampliaram o poder de compra das famílias. Programas de transferência de renda e ações voltadas à alimentação, como o fortalecimento da merenda escolar, também tiveram papel decisivo.
Quando há mais emprego e renda, há mais comida na mesa
explica Maria Lucia Vieira, gerente da pesquisa.
O Plano Brasil Sem Fome, lançado em 2023 pelo governo federal, é apontado como uma das principais estratégias para essa virada. A iniciativa reúne 80 ações e mais de 100 metas, com foco em ampliar a renda, fortalecer a produção de alimentos saudáveis e mobilizar diferentes setores da sociedade para erradicar a fome.
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A melhora, no entanto, não foi igual em todo o país. As regiões Norte (37,7%) e Nordeste (34,8%) continuam apresentando as maiores proporções de domicílios em algum nível de insegurança alimentar. A fome ainda atinge mais as áreas rurais (31,3%) do que as urbanas (23,2%), e tem rosto definido: três em cada cinco lares afetados são chefiados por mulheres, e mais de 70% têm pessoas negras como responsáveis.
Outro ponto marcante é a relação entre educação e alimentação: 65,7% dos domicílios com insegurança grave têm responsáveis com, no máximo, o ensino fundamental completo.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, comemorou os resultados e lembrou que o país também saiu do Mapa da Fome da ONU em 2024.
BookmarkLevamos dois anos para reconquistar uma marca que antes levou uma década. O Brasil voltou a garantir comida na mesa do povo
afirmou.