O sonho de um megaevento literário no Paraná acabou em pesadelo. Rodeada por denúncias, problemas com fornecedores e cancelamento de atrações, a 1ª Bienal do Livro do Paraná, autoproclamada como “O maior evento literário do Sul do Brasil”, cancelou sua programação, marcada para acontecer ente os dias 10 e 19 de outubro, em Curitiba, deixando milhares de pessoas no prejuízo. A organização alegou problemas estruturais e climáticos.
Apesar do cancelamento ter sido oficializado apenas neste domingo (05), quem acompanha a história da Cocar Produções Editoriais, comandada pela produtora Lis Alves, duvidava que a Bienal seria realizada. Lançado com mais de 150 autores, ente eles Pedro Bial, Thalita Rebouças, Sérgio Rodrigues, Mia Couto, Itamar Vieira Junior e Aline Bei, e algumas das maiores editoras do Brasil, o evento teve sua primeira mudança de data e local após a falta de pagamento à Viasoft, local que receberia a Bienal. Nem mesmo os apoios da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (Seec), divulgados pela organização, eram verdadeiros.
A partir daí, matérias de veículos como Plural e Folha de São Paulo começaram a destrinchar inúmeros problemas relacionados ao evento, passando inclusive pela publicação de um suposto vídeo falso sobre a montagem da estrutura. Mesmo com a sequência de denúncias, a Bienal seguiu vendendo ingressos e estimulando excursões.
De acordo com uma reportagem do Plural, os problemas da Bienal começam na impossibilidade de captação pelas leis de incentivo, já que a Cocar responde a 12 processos, entre eles problemas trabalhistas, pedidos de indenizações por danos materiais, devolução de valores por prestação de serviço não cumprida, prática abusiva em contrato e uma execução fiscal por dívida ativa com o Município de Curitiba. Sem valores por meio de leis de incentivo e, muito menos, patrocínios, o evento desde sempre foi considerado inviável.
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Na última semana, em meio aos boatos de cancelamento, o BFC entrou em contato com diversos escritores que fariam parte da programação oficial. De acordo com a maioria dos nomes ouvidos pela nossa equipe, os contatos com a organização da Bienal não tinham passado de uma troca de mensagens e, faltando pouco mais de uma semana para o evento, a maioria deles estava sem detalhes sobre transporte e hospedagem.
Na manhã de hoje (06), mesmo após o cancelamento, os ingressos para a Bienal continuavam à venda na plataforma Fever. Nas redes sociais do evento, centenas de pessoas buscam respostas sobre a devolução do dinheiro investido em ingressos.
O BFC tentou contato com a organização da Bienal, mas também não teve nenhum retorno até a publicação dessa matéria.
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