Em mais um capítulo das investigações sobre o assassinato do ex-delegado geral Ruy Ferraz Fontes, a Polícia Civil realizou, nesta terça-feira (29), uma operação que resultou na apreensão de mais de R$ 100 mil em dinheiro vivo e três pistolas na residência de Sandro Rogério Pardini, subsecretário de Gestão e Tecnologia da Prefeitura de Praia Grande, no litoral de São Paulo.
Além das armas e das quantias em espécie — que totalizavam R$ 50 mil em reais, mais de mil euros e US$ 10 mil —, os agentes apreenderam computadores e um celular, encaminhados ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) para perícia.
Investigação aponta vínculos com organização suspeita do crime
Sandro Pardini é investigado por sua suposta relação com o grupo criminoso suspeito de planejar e executar o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Fontes. De acordo com fontes da investigação, o subsecretário teria utilizado sua posição na administração municipal para facilitar logística e acessos a integrantes da organização.
A operação desta terça integra as apurações sobre a estrutura financeira e operacional do grupo. Anteriormente, um imóvel em Mongaguá, usado como apoio pelos suspeitos, já havia sido identificado pela polícia. Agora, as atenções se voltam para possíveis vínculos entre agentes públicos e a facção.
Prefeitura se diz colaborativa, mas não foi informada sobre buscas
Em nota, a Prefeitura de Praia Grande afirmou que “mantém contato constante com a Polícia Civil e colabora integralmente com as investigações”, fornecendo imagens, informações e materiais solicitados. No entanto, a administração municipal declarou não ter recebido qualquer comunicação oficial sobre a realização de buscas e apreensões relacionadas a esta operação específica, embora se coloque “à disposição para prestar esclarecimentos”.
Defesa alega legalidade dos bens e nega envolvimento
Por meio de seus advogados Octávio Rolim, Patrícia Britto e Beatriz Mâncio, Sandro Pardini negou “veementemente toda e qualquer participação, seja direta ou indireta, nos fatos que estão sendo apurados”. A defesa sustentou que os valores em espécie apreendidos têm “origem lícita” e são compatíveis com a atividade profissional do subsecretário, enquanto as três pistolas são registradas para uso em estande de tiro esportivo, dentro do porte legal CAC (Colecionador, Atirador e Caçador).
“Não há absolutamente nada que tenha sido apreendido que possa ter qualquer tipo de ligação com o triste ocorrido”, afirmaram os advogados, ressaltando que Pardini permanece à disposição da Justiça e das autoridades para colaborar.
Caso Ruy Fontes: desdobramentos em andamento
A morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes segue mobilando esforços de múltiplas instituições policiais. Recentemente, Umberto Alberto Gomes, apontado como o executor material do crime, foi morto em confronto com a polícia no Paraná. Com a apreensão de valores, armas e documentos na casa de uma autoridade pública, as investigações avançam agora na tentativa de esclarecer possíveis elos entre o aparato estatal e o crime organizado.
A expectativa é de que os dados dos equipamentos eletrônicos apreendidos possam trazer novas pistas sobre a rede de apoio ao homicídio.
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