Às vésperas de assumir o governo, em dezembro de 2018, Jair Bolsonaro foi informado diretamente por representantes da Associação Nacional dos Médicos Peritos Federais (ANMP) sobre fortes indícios de fraudes e desvios no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com potencial prejuízo de bilhões de reais aos cofres públicos. Os alertas teriam sido feitos em reuniões no gabinete de transição governamental, instalado no CCBB, em Brasília.
De acordo com a entidade, o então presidente eleito participou pessoalmente de um encontro no dia 11 de dezembro, quando ouviu relatos detalhados sobre irregularidades em benefícios como aposentadorias rurais, seguro-defeso e auxílios por incapacidade. A interlocução foi intermediada pelo senador Izalci Lucas (PL-DF), recém-eleito na época, que afirmou ter levado as denúncias ao conhecimento da equipe de transição.
A ANMP esteve em Brasília em ao menos três ocasiões entre novembro e dezembro de 2018. O primeiro contato ocorreu em 12 de novembro com Onyx Lorenzoni, então coordenador da transição. No encontro, os peritos apresentaram estimativas de impacto das fraudes no déficit previdenciário e discutiram a necessidade de reformas no sistema. Posteriormente, a comitiva foi recebida por Bolsonaro e, já em 2019, pelo então ministro da Cidadania, Osmar Terra.
- Após derrubada da “PEC da Bandidagem”, Motta diz não saber se vai pautar anistia
- Eduardo Bolsonaro atua nos bastidores para sabotar possível encontro entre Lula e Trump
- SENTIU: Eduardo Bolsonaro tenta minimizar encontro de Lula e Trump
Os dirigentes Francisco Cardoso (então presidente da ANMP), Luiz Argolo (vice à época) e Samuel Abranques (diretor sindical) conduziram as agendas. Questionada, a associação não se manifestou sobre o conteúdo das reuniões.
Recentemente, o senador Izalci voltou a ser cobrado sobre o assunto durante a CPI do INSS. Em resposta, defendeu Bolsonaro e criticou o que chamou de “narrativa repetitiva” sobre o caso.
Se algum presidente fez alguma coisa concreta [contra as fraudes], chama-se Jair Messias Bolsonaro
afirmou durante sessão da comissão em 8 de setembro.
As informações reforçam que alertas sobre vulnerabilidades na Previdência chegaram ao mais alto nível do governo ainda durante a transição, antes mesmo da posse.
Bookmark