A Câmara dos Deputados deve decidir ainda hoje (17) se dará urgência ao projeto que propõe anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, medida que pode favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro. A movimentação ocorre em meio a tensões políticas após o PT ter se posicionado contra a “PEC da Bandidagem”, o que abriu espaço para discussões sobre possíveis retaliações contra o governo.
O texto, de autoria do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), prevê a anistia total, incluindo Bolsonaro, o que reacendeu disputas internas entre partidos do Centrão. Inicialmente, a expectativa era que a proposta fosse rejeitada, mas a mudança de cenário elevou a incerteza sobre o resultado.
Nos bastidores, há receio de que a insatisfação no Congresso respingue em medidas consideradas prioritárias pelo Planalto, como a Medida Provisória que trata do setor elétrico e pode reduzir a conta de luz, mas perde validade nesta terça-feira.
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O tema também mobilizou o Judiciário. Em encontro no Palácio do Planalto, ministros do Supremo Tribunal Federal classificaram a proposta como inconstitucional e uma afronta à Corte. O presidente Lula participou da reunião, na qual os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes reiteraram críticas ao projeto.
Pesquisas de opinião reforçam a divisão na sociedade: levantamento Genial/Quaest aponta que 41% dos brasileiros são contrários a qualquer anistia, enquanto 36% defendem perdão a todos os envolvidos, incluindo Bolsonaro. Outros 10% apoiam a anistia apenas para manifestantes, sem contemplar o ex-presidente. Para o cientista político Felipe Nunes, os dados indicam que não há ambiente popular favorável para uma medida que reverta a inelegibilidade de Bolsonaro.
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