Em um início contundente do julgamento que pode definir o futuro político de Jair Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes desmontou ponto a ponto um dos principais argumentos da defesa do ex-presidente e de seus aliados: a suposta inconsistência dos depoimentos de Mauro Cid.
Com tom firme e baseado estritamente nos autos do processo, Moraes refutou a tese de que o ex-assessor militar teria dado “oito versões contraditórias” em sua delação premiada. Classificou a alegação como “beirar a litigância de má-fé ou o desconhecimento total dos autos”.
O ministro explicou que a Polícia Federal optou por uma estratégia investigativa: em vez de um único depoimento abrangente, realizou oito interrogatórios temáticos — cada um focado em um assunto específico, como:
- Jóias sauditas
- Certificados falsos de vacina contra COVID-19
- Tentativas de golpe de Estado
Moraes destacou que Mauro Cid não se contradisse, mas sim complementou suas declarações conforme novos fatos surgiam e a PF requisitava novos depoimentos. Ele enfatizou que qualquer leitura atenta dos termos da delação nega a existência de contradições.
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Esse posicionamento não apenas fortalece a credibilidade da colaboração premiada, mas também isola a defesa, sugerindo que sua narrativa ou é desonesta ou negligente — um golpe duro na estratégia processual de Bolsonaro e co-réus.
O recado foi claro: o tribunal não aceitará versões distanciadas da documentação dos autos.
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