A música brasileira perdeu nesta segunda-feira (8) uma de suas vozes mais marcantes: Angela Ro Ro. A artista morreu aos 75 anos, vítima de uma parada cardíaca. A confirmação da morte partiu de Laninha Braga, ex-companheira que acompanhava de perto os cuidados da artista, e do produtor Paulinho Lima, parceiro e amigo de longa trajetória.
Internada desde julho no Hospital Silvestre, no bairro Cosme Velho, Zona Sul do Rio, Angela Ro Ro passou por uma traqueostomia em decorrência de complicações de uma infecção pulmonar. Nos últimos meses, ela usava as redes sociais para pedir ajuda financeira ao público, já que enfrentava dificuldades para custear o tratamento.
Segundo seu advogado, Carlos Eduardo Lyrio, Angela vivia apenas com os repasses de direitos autorais, insuficientes para cobrir suas despesas. Carlos disse que a cantora não tinha aposentadoria ou investimentos, vivendo em um pequeno apartamento herdado em Copacabana, tendo como única renda os repasses de direitos autorais.
Carreira marcada por talento e ousadia
Natural do Rio de Janeiro e nascida em 5 de dezembro de 1949, Angela Maria Diniz Gonsalves recebeu o apelido Ro Ro ainda criança, por causa da voz rouca e marcante. Antes de alcançar reconhecimento na música, viveu em Londres, onde trabalhou como faxineira, garçonete e lavadora de pratos, além de se apresentar em pubs locais.
O primeiro momento de projeção na carreira ocorreu em 1972, com a participação no álbum Transa, de Caetano Veloso, em que tocou gaita. O verdadeiro reconhecimento, no entanto, chegou com seu álbum de estreia, Angela Ro Ro (1979), lançado pela Polygram. O disco apresentou clássicos que se tornariam eternos em sua carreira, como Amor, meu grande amor, Agito e uso e Tola foi você.
Na década de 1980, consolidou-se como uma das grandes vozes da MPB, com discos como Só nos resta viver (1980), Escândalo! (1981), e A vida é mesmo assim (1984). Sua trajetória foi marcada tanto pelo talento como pelas polêmicas, mas também por reinvenções: nos anos 2000, abandonou vícios, adotou hábitos saudáveis e lançou o álbum Acertei no Milênio.
Paralelamente à trajetória na música, comandou entre 2004 e 2005 o talk-show Escândalo, exibido pelo Canal Brasil. Seu último trabalho de estúdio foi Selvagem, em 2017.
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Legado
Angela Ro Ro encerra sua trajetória deixando uma marca de ousadia e originalidade, consolidando um legado inconfundível dentro da música brasileira. Com uma obra que atravessou gerações e uma mistura de lirismo com intensidade, sua voz será lembrada como uma das mais originais da nossa MPB.
*Com informações dos portais G1 e UOL
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