Skip to content Skip to footer

Condenação de Bolsonaro tem que ser o começo para uma enorme mudança e não motivo de esquecer e/ou perdoar

É preciso um processo de educação política feroz para que consigamos parar de repetir erros que culminou em neofascistas como Bolsonaro. (Foto: Gustavo Moreno/STF)

A eventual condenação do ex-presidente e líder da extrema-direita, Jair Bolsonaro e de seus principais aliados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 não representa, por si só, a salvação final da democracia brasileira. 

Em 2018, o Brasil elegeu uma bancada bizarra de congressistas, mas não o suficiente para que Bolsonaro e sua trupe não sofressem derrotas tentando destruir as instituições. No entanto, em 2022, foi eleito o que provavelmente vai ficar conhecido como o pior congresso da história, com figuras que ultrapassam o limite da indigência intelectual e caem abertamente no terreno da desonestidade e do fanatismo ideológico pelo seu famigerado mito.

A melhor resposta que nosso país poderia ter dado, seria ter prendido todos os envolvidos nas mortes dos brasileiros desalentados durante a pandemia de covid-19. Mas agora que “Inês está morta”, há mais uma chance de punir aqueles que governaram e governam o país baseado em pulsão de morte.

As instituições brasileiras dependem de uma complexa reforma para solidificar sua democracia e isso passa por fatores que levarão tempo e demandam paciência e boa vontade, coisa que neste momento, não temos em nossos representantes. Como esperar que uma figura acovardada como Hugo Motta enfrente a sanha golpista dos bolsonaristas? Como esperar algo novo se Artur Lira ainda dá as cartas? É preciso um processo de educação política feroz para que consigamos parar de repetir erros que culminou em neofascistas como Bolsonaro.

Não fosse a anistia pós redemocratização, se não fosse a não prisão de deputados homenageando torturadores, se não fosse a condescendência do jornalismo hegemônico com negacionistas e o avanço da igreja neopentecostal no campo político, se não fossem tantas coisas, muita gente ainda estaria viva, nossa democracia estaria um pouco mais forte.

Com a condenação de Jair Messias Bolsonaro e seus aliados, o Brasil envia um sinal, mas que só terá um efeito duradouro se em 2026, o brasileiro mostrar que não quer autoritarismo no Congresso, não quer essa gangue burra e triste legislando em causa própria 24 horas por dia.

E para além do voto, as ruas precisam voltar a ser da esquerda. Desde que a extrema-direita avançou na movimentação de rua, a esquerda tem sofrido seguidas derrotas. Acho que os líderes esqueceram que são as ruas que pressionam políticos e que nem sempre a institucionalidade (na verdade quase nunca) evitará a brutalidade da cadela do fascismo.

O julgamento e condenação de Bolsonaro vai amedrontar por um tempo políticos que simpatizam com estratégias de desestabilização da democracia, mas como a história tende a se repetir e provavelmente esses condenados irão cumprir pena em casa, em suas confortáveis mansões, é possível que tudo se repita mais cedo do que pensamos.

A condenação, portanto, cumpre o papel básico de uma pátria que quer se manter democrática e presta satisfação à memória de quem lutou por liberdade, mas ainda não resolve o sangramento aberto nas veias do Brasil. 

A sentença do STF tem que ser o começo para uma enorme mudança e não como motivo de esquecer e/ou perdoar.

Bookmark

Aquiles Marchel Argolo

Jornalista, escritor, fã de cultura pop, antirracista e antifascista. Apaixonado por comunicação e tudo que a envolve. Sem música a vida seria impossível!

Mais Matérias

17 dez 2025

PF deflagra Operação Opções Binárias e mira irmã de Deolane Bezerra em esquema de apostas ilegais

A investigação atinge novamente a família Bezerra. Deolane Bezerra foi presa em 2024 no âmbito da Operação Penalidade Máxima, que também mirava esquemas de apos
17 dez 2025

Moraes determina transferência de TH Joias para presídio federal no Rio

A operação segue em andamento e pode resultar em novas medidas contra outros envolvidos nas investigações sobre infiltração do crime organizado no poder público
17 dez 2025

Barão Vermelho anuncia reencontro com participação de Ney Matogrosso

O repertório do Barão Vermelho Encontro vai abranger todas as fases do grupo. De “Todo Amor Que Houver Nessa Vida”, parceria de Cazuza e Frejat, que, após ser c
17 dez 2025

PF apura ligação de Antônio Doido com contratos milionários da COP30

A operação ocorre menos de um mês após o término da COP30, evento que colocou o Pará no centro das discussões globais sobre clima e sustentabilidade.
17 dez 2025

Malafaia diz que Bolsonaro está “debilitado emocionalmente” e critica indicação de Flávio Bolsonaro à Presidência

As declarações expõem a cisão no núcleo duro do bolsonarismo

Como você se sente com esta matéria?

Vamos construir a notícia juntos

Deixe seu comentário