Ele me honrou com o prefacio de um dos livros que produzimos no processo de resistência ao Golpe de 2016 e nos deu o privilégio de comparecer ao lançamento em Salvador, durante o Fórum Social Mundial, juntamente com Jaques Wagner e Gleisi Hoffmann.
Terminado o evento fomos jantar, com amigos baianos, no restaurante preferido dele. Tomamos, ele e eu, duas garrafas de vinho. Os baianos preferiram cerveja. Fazia calor. Voltando ao hotel, Mino convidou-me para uma última taça. Agora por conta dele, de vinho branco chileno, no bar quase deserto àquela hora.
Papo vai, papo vem, contou-me detalhes de sua brilhante carreira. Quando ainda estava relatando seu tempo na Veja pedimos uma segunda garrafa. A conversa fluía como nossos entusiasmados sorvos de vinho gelado naquela noite soteropolitana abafada e úmida.
Lá pelas tantas, educado, o garçom se aproximou informando que teria que fechar e perguntou se desejávamos mais alguma coisa. Outra garrafa! O Mino queria pedir duas, mas diante da minha frontal oposição, recuou.
Terminamos a terceira garrafa de vinho branco lá pelas duas da madrugada. Não foi propriamente uma conversa. Era uma aula, uma conferência magistral de um professor emérito para um único e absolutamente deslumbrado admirador. No total bebemos 5 garrafas, duas de tinto, três de branco, em quantidade de taças desigualmente distribuídas. Ele era mais rápido.
Contei uma vez essa história para a Manuela, filha do Mino Carta e ela adorou, surpreendendo-se de não termos pedido duas garrafas quando o bar fechou. Ela sabia que seu estimado pai era imoderado quando rememorava antigas histórias. Anos mais tarde comentei com o Sergio Lirio, fiel escudeiro do Mino na CartaCapital alguns episódios relatados naquela memorável noitada e ele também se surpreendeu por não termos bebido a sexta garrafa. Conheciam o patriarca.
O Brasil ficou mais triste e mais burro. Transmito meus sentimentos à Manuela Carta e aos demais amigos deste monumento que agora nos deixa.
Xixo, 02 de setembro de 2025