A imposição de uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro pelos Estados Unidos detonou uma crise de oferta e preços no mercado global da commodity. Os futuros do arábica – variedade mais valorizada – dispararam quase 35% apenas em agosto, registrando a maior alta mensal desde 2014.
Com o Brasil – maior produtor mundial – forçado a redirecionar exportações e renegociar contratos, o curto-circuito na cadeia global provocou aumento generalizado de custos, incluindo fretes marítimos e prêmios por lotes isentos da sobretaxa.
O movimento é considerado atípico por analistas, já que agosto é tradicionalmente um mês de pressão baixista nas cotações, devido ao pico da colheita brasileira. A alta abrupta sinaliza um choque de oferta estrutural, com efeitos de longo prazo.
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Impacto no consumidor americano
As maiores torrefadoras dos EUA já anunciaram repasses dos custos adicionais aos preços finais. A J.M. Smucker (controladora das marcas Folgers e Café Bustelo) prevê reajustes para o início do inverno no hemisfério norte. A Keurig Dr Pepper alertou que os efeitos ficarão mais visíveis no segundo semestre, e a Westrock Coffee confirmou que repassará os custos aos consumidores.
Os futuros do arábica saltaram de US$ 2,842 por libra-peso em 1º de agosto para US$ 3,757 no fechamento desta quarta-feira (28), refletindo a tensão entre a tarifa punitiva e a dependência do mercado internacional do café brasileiro.
A medida comercial, inicialmente aimed at proteger produtores domésticos dos EUA, revela-se um tiro pela culatra, com o consumidor americano tornando-se a principal vítima do tarifaço.
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