O Sheik do Bitcoin, Francisley Valdevino da Silva, condenado a 56 anos de prisão por comandar esquema bilionário, depositou cerca de R$30 milhões na conta de Silas Malafaia. Já muito mais reconhecido como ávido articulador político do que qualquer outra coisa, a faceta falida e empreendedora do televangelista ganhou novo destaque em 2022, quando as primeiras denúncias sobre a sociedade vieram à tona.
Em agosto daquele ano, foi revelado em depoimento à Polícia Federal que Francisley teria investido a quantia em um negócio para salvar a Central Gospel. A editora de Malafaia estava em recuperação judicial desde 2019, quando reconheceu oficialmente cerca de R$15,6 milhões em dívidas.
Segundo Davi Zocal, testemunha-chave do processo que condenou o Sheik do Bitcoin, esse valor teria chegado a R$38 milhões. Embora não haja confirmações oficiais sobre o montante citado por Zocal, sabe-se que a dívida ativa da empresa com a União atualmente é de R$17 milhões, enquanto antes da sociedade que resultou no aporte milionário o valor era de cerca de R$1,8 milhão.
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Ainda de acordo com a testemunha, Malafaia teria sugerido “fazer uma empresa com outro nome para não ferrar”, depois de ouvir do criminoso: “não, pastorzão. Vou te ajudar. Deixa comigo. Eu vou comprar essa dívida” — afirmou Davi Zocal sobre Francisley. Malafaia reconhece que recebeu ajuda financeira do Sheik, mas ressalta que a sociedade durou apenas cerca de um ano e terminou antes da denúncia formal.
Hoje, a Central Gospel segue formalmente em recuperação judicial e acumula passivos na esfera federal, privados e trabalhistas, em patamares que ainda levantam dúvidas sobre a real dimensão da dívida. O caso expõe a fragilidade financeira da editora e a dependência de aportes externos, um contraste com a imagem pública de prosperidade cultivada por Malafaia.
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