Em um episódio que expõe as contradições da bancada bolsonarista, parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro barraram na última quarta-feira (17) a votação de um tratado de cooperação com a China na Comissão de Relações Exteriores da Câmara. O fato curioso: o acordo havia sido originalmente assinado pelo Governo Bolsonaro, em 2019.
Durante a sessão, o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) liderou a oposição ao tratado, justificando sua posição por considerar a China uma “nação comunista” que representaria riscos ao Brasil.
A argumentação foi rebatida pelo deputado Jonas Donizette (PSB-SP), que lembrou a ironia da situação:
Estamos falando de um acordo negociado e assinado pelo próprio governo Bolsonaro
disse o deputado.
O impasse revela uma evidente contradição entre o discurso atual da bancada bolsonarista e a prática diplomática do governo que apoiaram. Durante todo o mandato de Bolsonaro, a China se manteve como principal parceiro comercial do Brasil, com um volume de negócios que superou US$ 100 bilhões anuais em trocas comerciais, especialmente em commodities como soja e minério de ferro.
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A rejeição a um acordo técnico sobre cooperação em serviços por motivos ideológicos demonstra um desconexão com a realidade econômica do país. O tratado, que visa facilitar a prestação de serviços entre os dois países, agora fica paralisado no Congresso por picuinha de extremistas.
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